nova...

Francamente
É inexistente
Beleza equivalente

Sendo, completamente
Vulnerável e transparente
Nunca vi, nem sonhei
Nem imaginei
Um olhar tão envolvente

Desprevenido, desprotegido
Digo
Em um mundo perfeito
Todas as curvas
Seriam como as suas

Escrevendo
Como quem está fazendo
Um diário cem por cento secreto
Grito nas linhas
O que jamais caberia em versos
Que és a coisa mais linda
Que existiu, existe, acontece
E haverá no universo

Porém
Mal querido, abandonado
Largado no frio
Sem defesa, mudo
Sem direito ao processo
Nasci das cinzas
Dos teus cigarros em excesso
Eu fiz meu mundo.

Letras feitas de ar


Ao existir
No espaço
O encontro
De nossos
Corpos, espíritos
Carregando
Nossos ossos
Corações, passados
Planos, defeitos
Sonhos
E tudo mais
Que temos
E não temos muito
Direito
Vindo de você
Um rifle dispara
Milhares de balas
Feitas de um metal
Que atinge todo o ar
Ao meu redor
É quando paira
Uma vontade de não parar
De te olhar
É quando tudo
Ao teu redor
Vai ficando em tons fracos
De cinza, e ainda
Vai ficando menor
É quando os sons
Perdem força
Aos pouquinhos
O som da cidade
Vai ficando baixinho
E eu só querendo
Ter ouvidos
Pra o que for sua voz
Ao existir
Você no mundo
Minha poesia se curva
Diante do teu modo
De me inspirar
Você tem
O bastante
Para alimentar
O que mantem
Minha poesia viva
Você é feita
Do que faz
O poeta acordar
Dai ar à quem te respira. ...

    Apareceu

    Diz, ela
    Sobre um livro
    Que eu escrevi,
    Que gostou de ler

    Diz, ela
    Que também escreve
    Mas cismou
    De não deixar eu ver

    Afirma a moça
    Que sente as coisas
    Com muita força
    E que seu estado emocional
    É semelhante
    A uma montanha russa

    Pelo jeito
    Ela também é poeta
    Do jeito que erra e acerta
    E pelo efeito que causa
    Sem falar neste raciocínio
    Sem freio nem pausa

    Diz ela
    Que não faz ideia
    De quem é
    Ou no que irá se tornar

    Ao meu ver
    Parece um tipo de ser
    Que foi feita
    Perfeita
    Para se amar.

    Combustível

    Vai dizer
    Que não é permitido
    Pro sujeito
    Que respira emoção

    É como
    Tentar acabar com um incêndio
    Usando combustível

    O poeta é feito
    Do que provoca
    E desatina

    Se a coisa
    Tem todo jeito
    Que desperta
    Querer saber como é
    O impossível de conhecer
    Ao não ser que
    Que aconteça
    O que no caso
    É proibido

    O poeta treme
    E consequentemente
    Se inspira

    A encantadora de girassois

    Nervosismo inexplicável
    Receio, cuidado
    Todos os jeitos de evitar
    Expressar-me demais
    E mais, preocupar-me
    Em ser aceito quando o fizer

    Só desfruto desse comportamento
    Quando o receptor da expressão
    É uma mulher.
    Só fico assim
    Tropeçando nas palavras
    Me inspirando tanto, a ponto
    De ir desistindo de falá-las
    Assim
    Só quando em estado encantado
    Inspirado

    Não fiz terapias
    Nunca frequentei analistas
    Penso as vezes que até deveria
    Mas acho que quanto a isso
    Não necessito ser diagnosticado
    Tenho forte intuição
    E na minha opinião
    o que me faz raciocínio
    Perde de muito
    Para o que me faz emoção

    Julgado, difamado, falado
    Por mulheres lindas
    Na essência e na aparência
    Por homens, creio eu, limitados

    Eu não sou apto à dizer
    Quem está certo ou errado
    O que posso fazer ser expressado
    É que eu só me movo pelo que sinto
    Por instinto, que admito
    É faminto por poesia
    E poeta eu não seria
    Caso não fosse exagerado

    Por exemplo, nesse momento exato
    Encontro-me em estado de encanto
    Em nível alto, avançado

    Mesmo que seja impossível
    Deixar claro em registro
    Vou deixar escrito, o rascunho
    Da explicação de como a culpa
    Não é minha, é da moça
    É ela que faz com que eu sinta tanto
    Com tanta força
    Que meu punho quase que sozinho
    Dispara a dançar nas folhas

    Um apelido para ser dado a ela
    Tem que ser de um bom gosto elevado
    Exige ser genial, caprichado
    Porque a moça além de muito bonita
    Carrega Flores no nome que assina
    E grita: "sou feita de charme!"
    Sem dizer absolutamente nada

    Vão dizer ainda que a culpa é minha
    Que eu sou fácil de ser conquistado

    Veja bem
    Ela brilha um sorriso só dela
    Versa seus passos dançando
    Agora diga se sou culpado
    A moça dança de um jeito.
    Que se eu pudesse escolher
    O roteiro dos meus sonhos
    Sem dúvidas, em sonhos
    Há muitos anos já teríamos dançado

    Eu? Poeta? exagerado?
    Olha, não sei dizer direito
    O que mais me parece interessante
    Se é o cheiro ou se é a voz.
    Quase esqueço o que a moça tem de sobra
    Que me encantou de começo
    A luz, isso nela, transborda
    A luz da moça é tanta
    Que se for de seu desejo
    Planta no apartamento seus girassóis.

    Alguém aponte nos meus versos
    onde há exagero dos meus cortejos.
    Eu simplesmente sinto o que interpreto,
    interpretando o que é sentido,
    no ritmo que bate essa coisa no meu peito.

    .

    Arquiteto

    Arquitetando labirintos
    Incentivando fatores
    Provocadores de inspiração
    Exagerando a dor
    Inventando amor

    Ouvindo a cor
    Das imagens dos sentidos
    Construindo perdição
    Perdendo direção

    Criando o inimigo
    Invisível, invencível
    Guardando troços
    Enfraquecendo ossos
    Bebendo imaginação
    Treinando o coração
    Descobrindo esconderijos
    De minha criação
    Fabricando abrigos imaginários
    Sem proteção

    Transplantando condição
    Implantando insanidade
    Transformando respiração
    Cuspindo dom
    Enterrando segredos
    Lendo medo
    Das coisas escritas
    Pela própria mão.

    à ídola

    Eu prefiro a sua poesia
    ela tem um tempo
    que é do tempo invejar
    tem a leveza
    que desafia o ar

    eu me inspiro
    vendo sua poesia dançar
    é o palavrear dos sentidos
    é o encanto do tanto
    que não cabe no mar

    eu me inclino
    vendo seu reinado versar.
    .

    Encantos

    Eu chegava atrasado
    as vezes
    sempre
    mas chegava inspirado
    arrumado
    sempre chegava
    parecia magia
    tudo encantado
    nos encantávamos
    com força
    deitados
    e de todos os jeitos
    tudo encantado
    perfeito.

    Nossas bocas
    muito loucas
    muito uso
    do abuso
    falado
    entre respirações
    que acabavam com o ar
    sem pressa de chegar
    a pegar
    muito abuso
    do uso
    da sede
    na parede
    na pia
    na voz, vadia
    sem poesia
    você chorava
    sorria
    eu bebia
    suas mudanças de cor
    tremia
    na sua
    totalmente
    ou semi nua
    na mesa
    na rua.

    As vezes
    você chegava crua
    eu praticava
    na sua
    a gastronomia
    você sorria
    chorava
    você criava
    e chegava
    eu sorria
    na minha
    você repetia
    tremendo
    querendo
    a voz, vadia
    na na sua cama
    na minha.

    As vezes
    você chagava
    e eu estava
    com fome
    cansado
    cheio de poesia
    sua cabeça doía
    a gente comia
    fumava
    sorria
    calava
    dormia.

    As vezes
    eu não chegava
    você chorava
    e perguntava
    da vadia
    eu mentia
    você sorria
    eu tremia
    temia
    o seu sorriso mentia
    disfarçava
    eu fazia
    você sumia
    eu traía
    outra voz te dizia
    safada
    sem poesia
    no chão
    na pia.

    Na separação
    eu te comia
    sem voz
    sem poesia
    após
    o amor
    morria.

    ísta

    Inteligência
    Não produz recursos
    Os quais preciso
    Para ser digno

    Minha vida é vazia
    Por isso essa arte
    Sem qualquer serventia
    Sustenta o egoísmo
    Desde sempre
    Todo dia...

    Desastrado

    Desde a infância me informaram as regras
    quebrei a perna quebrando uma delas
    quebrando outras, quebrei a cara
    Destruí muitas horas, dias, meses
    de outras pessoas que não estavam informadas
    que eu quebrava quase tudo por onde passava

    Quebrei umas portas que não queriam abrir
    caminhei por lugares tortos
    fui sozinho, conseguindo.

    Meus pais continuaram sorrindo
    por outros montes de motivos
    Dos meus passos desastrados nunca
    quebrei as expectativas deles
    por várias vezes, por todas as vezes
    que viram, ou sentiram.

    Desastrado, quebrei minhas próprias regras
    quais criei pelos caminhos

    Deixei em cacos, muitos pratos
    dos quais me serviam bem
    alguns nem colei, nem catei

    Quebrei pessoas arrogantes
    com golpes de luvas
    Quebrei o silêncio de mentes criativas
    quebrei a cabeça procurando
    respostas que nunca existiram

    Despedacei muitas coisas
    das materiais aos sentidos
    quebrei garrafas de vinho
    depois de estarem vazias
    quebrei camas, pias, cadeiras.

    Construí amizades inquebráveis
    quebrei um ou dois inimigos

    Quebrando um monte de coisas
    com ajuda ou sozinho, fiquei triste
    quebrei muito choro pra montar uns sorrisos

    Minha vida é quebrada, desastrada
    torta e do avesso
    irritante para os preocupados comigo

    Nunca quebrei meus sonhos construídos
    mantenho intacto também os pesadelos
    para não quebrar o equilíbrio.

    .

    Não são seus olhos
    Não é a sua pele
    Não é o cheiro

    É não ser perfeito e ser melhor que tudo

    Pouco

    Perco coisas
    As quais mais fazem
    Sentir-me beneficiado

    Acho um tédio
    Os privilégios que me são dados

    Sinto falta de dores fortes
    Quando só viver
    Não me faz ser golpeado.

    Os melhores do mundo

    Vi teus olhos de perto
    Transparecendo
    Tua sede
    Por sorrir nos olhos

    Vi coragem no teu jeito de olhar
    Querendo em meus olhos
    Atenção de verdade

    Vi liberdade em teus lábios
    Tremendo confusos
    Em sorrisos mais puros
    Que os meus sorrisos esperavam

    Senti no teu cheiro um abuso
    Confundindo meus passos

    Vi a cor dos dias
    Multiplicar-se em mil tons
    Dancei teus sons
    Dormi dias em apuros
    Os melhores do mundo

    Senti falta de tudo
    Senti em sono profundo
    Que só conseguia ficar acordado
    Feito louco
    Por você em suas formas
    Sua loucura adoçada
    E por seu toque absurdo.

    Pedras

    A segurança que é causada
    Por excesso de confiança e afinidade
    Pode ter consequência covarde

    A base de pedras verbais
    Disparos perfeitos são feitos

    O confiante subconsciente
    Tem certeza que sente
    Tem certeza que é leal
    Por isso, assegurado
    Transfere raiva
    O mal cuspido
    Sem fundar motivo real

    Esposas, maridos
    Filhos, pais
    Amigos, mães
    Amantes
    Os mais dedicados.

    Forjados argumentos são criados

    Os confiáveis, vulneráveis
    Imaginam mil possíveis deslizes
    Ou infelizes palavras indesejáveis

    A cegueira de quem ataca
    Fabrica distância
    E faz com que apareçam
    Opiniões nunca divulgadas

    Baixem a voz
    Usem o senso
    Procurem o senso
    Ao se irritarem
    Aprovem seus pensamentos
    Tentem lembrar do que sentem

    Os atacados subconscientes
    Podem cismar
    Em desistirem de digerir
    O volume das pedras atiradas
    E zerar.

    Exausto

    Falei muito
    Variei nas formas
    Alterei os métodos

    Calei-me diante de frases
    Ditas por você
    Formadas por palavras
    Que antes
    Não suportava

    Cansei de tentar
    Se eu pudesse escolher
    Eu não te amava.

    Citações

    Feitas perfeitas as colocações verbais
    Conversas que lembravam recitais
    Prometiam disciplina só vista em ceitas
    O amor citado era de causar calor e tremor

    Caiu no esquecimento por acaso
    que é cada um por si
    caso seja o caso de sentir dor.

    Declaro

    Declaro amor por humanos
    Sem determinar quais amo mais
    Sem excluir fulana ou ciclano

    Em proteção, em necessidade
    Prioridades à minha família
    Mas o amor que aqui transborda
    É uma só arca que transporta à todos

    Declaro amor por humanos
    Os que não acreditam
    Os que me causaram, ou tentaram, sérios danos
    Até mesmo os covardes, os prepotentes, amo
    Ciganos, viciados, individualistas, arrogantes

    Declaro amor por todos
    Mesmo confiando em poucos
    Mesmo vendo a maldade, amo

    O amor que sinto não tem motivo
    Independe das vidas que andam levando
    Não tem a ver com o que estão ganhando
    Não preciso saber o que estão sentindo ou pensando
    Não me interessa como julgam meus costumes
    Menos ainda o que falam ao citar meu nome

    Eu declaro amor por seres humanos
    Os que erram sabendo e continuam errando
    Os mais fracos, os mais egoístas
    Estrangeiros, crentes
    Revolucionários, carentes
    Não me interessa quais são seus objetivos

    Sentir ódio, eu também sinto
    Mas deixar de amá-los, não consigo.

    Dona

    É que a dona
    É dona de uma boca
    De desconcentrar
    De me fazer querer saber
    O sabor e a cor das partes
    Quais não posso ver

    O jeito que ela tem de se mexer
    Dá vontade de saber
    Das coisas que ela gosta
    E como vai se comportar
    Segundos antes e durante
    Os instantes em que gozar.

    Avança

    Em outros tempos
    Eu, desatento
    Perdi você


    Embora agora
    Eu tenha tanto
    Pra te dizer
              Meu peito
              Cala a garganta
              Mas meu pulso
              Avança
              Em te escrever


    Lembranças
    Por vezes
    Trazem impulsos
                 Em direção
                 Aos múltiplos modos
                 De inspiração
                               Feitos todos
                               De você


         Planos
         Gerenciados
         Por imaginação
    Trazem também
    Inspiração
    Influenciada
    Por saudade
                  Da realidade
                  Que a minha mente
                  Não deixou existir


    Outros gêneros
    Imaginários
    Aliados a partes
           De outras lembranças
           Geram desejos
                  E os mesmos, então
                  Trazem formas completas
                  De inspirar-me
    Na tua boca
    Nas tuas pernas
    Nuca, peitos
    Cabelos, temperaturas
    Todas as partes
    Dos beijos
    Das cores
    Sons, odores
    Que formam você


                  Em outros tempos
                  Eu, desatento
             Tantas vezes
             Perdi tanto tempo
             Perdi tanta coisa
             Perdi você

    Mas por sorte
    O que move
    A parte que faz
    Com que o poeta acorde
    Pelo jeito
    Nunca vou perder.

    sonâmbulos

    pulsos
    sangrando frases
    sem cortes

    frases
    cortando pulsos
    sem sangue

    sonhos sem dono
    sonhadores sem sono

    sonâmbulos
    guardando segredos
    seguindo planos

    guardas
    sussurrando medo
    garantindo sono

    sangue sem temperatura
    surra sem danos

    chuvas
    secando flores
    incendiando amores
    em preto e branco


    Habitante

    Moça, vou te contar
    Tentativas exaustivas
    A fim de entender o motivo
    Ou saber de onde veio isso
    Não teriam quaisquer serventia

    É inalcançável, invisível

    Não está em livros ou dicionários
    É quase como agonia
    Seria detestável
    Caso não fosse irresistível

    Em um passo de instante

    Passa a ser você
    Habitante do meu tempo
    A visitar meus pensamentos
    Sem qualquer anúncio

    Vou te contar, mas em segredo

    Impulsos geram relatos
    Que embora eu quisesse esconder
    Gritam nos meus versos
    Afins de te dizer que já é incalculável
    O tanto de vezes, que sem querer
    Querer você é inevitável.

    Chegadas as horas

    Quando o tempo acabar
    E eu não puder esperar mais
    Com essa calma e conforto

    Quando um cego vier avisar
    Que não sei mais ver diferença
    Entre viver e não estar morto

    Quando voltar a enxergar
    E antes que eu possa evitar
    Um sopro fechar todas as portas

    Quando não souber dizer
    O que quero dizer com isso tudo
    Que não suporto ficar sem escrever

    Meus olhos vão esquecer
    O que me faz buscar felicidade
    E sentirei muitas saudades
    De poder viver as partes
    Quais vou morrer sem conhecer.

    17 de Abril

    Se você não existisse
    Tudo seria monte de nada

    Se você não existisse
    Eu inventaria uma de ti

    Se você não existisse
    Se você não estivesse aqui
    Amor seria tolice
    Poesia seria chatice
    E meu coração, uma pedra gelada.

    A cidade sorri

    Minha vontade de escrever
    Aparece em um instante
    Sob incentivo de um coletivo
    De sensações sem nome
    Em doses exageradas


    Sob efeito desse impulso
    Passo a ser punho
    Caneta e papel
    Embriagado nos encantos
    De uma moça
    A qual conheço tanto
    Quanto conheço os sonhos
    Que nunca tive


    E aqui estou, sonhando
    Sem sono...


    Assisto a moça caminhar
    Fazendo a cidade sorrir
    E a cada passo que dá
    Dela transbordam versos
    Toda a cidade vem assistir
    A moça que por onde passa
    Fabrica um recital a lhe seguir.

    Inseparáveis

    Ao meu ver...
    Quer saber?

    Na busca incansável por melhorias
    Quem desiste sequer fica triste
    Porque a perda nesse caso, não existe

    Na conquista por sabores incomparáveis
    E orgasmos que não podem ser descritos
    Lágrimas e sorrisos são inseparáveis

    Não há como evitar mudanças
    Não há como eliminar os riscos
    A cada suspiro, um novo infinito é escrito.

    Espelhos

    Por aqui,
    vejo quadros se mexerem
    sem saberem
    que a mente
    distorce espelhos,
    que a paranóia
    é especialista em dar conselhos.

    Mulheres de beleza completa,
    na certa se acham em defeitos.

    É mais fácil que assumir perfeição
    pintada no seu jeito.

    ...

    Jardim vivo

    A grande árvore anuncia
    O início do final da tarde
    Avisando que desfazer-se de partes
    As quais não consegue mais suportar
    Faz parte de manter-se firme

    As senhoras donas do lago
    Dançam com tanto charme
    Que olhar, passa a não bastar

    A chegada da chuva
    Mais parece um palpite
    De que na casa das bromélias
    Há um convite a nos abrigar 

    Aproximam-se mais convidados
    Trazendo em seus sorrisos e olhares
    A felicidade que não se pode comprar
    E o amor pela vida se pronuncia
    Sem lamentar o peso de seus fardos

    O Céu logo atende o pedido

    E em seguida, o início da noite
    Anuncia a hora da despedida

    O jardim da poesia viva
    Silencia e escurece
    Nos deixando a sós

    E diante de nós
    Adormece.

    Sentimento expulso

    O grupo de gente largada
    Usando roupa larga
    E que não larga a rua por nada
    Projeta sob incentivo de instinto
    Cada um na técnica que tem
    No seu estilo individual
    Sem pretensão de serem entendidos
    Ou de arrancar elogios de sei lá quem

    Estão a base de impulsos
    Expulsando em pulsos
    Tudo isso que sentem muito
    Transformando os muros nas ruas
    Em arte marginal pintada
    Na qual cada artista que atua usa...
    ...amor, ódio e tinta enlatada.



    ( LIFE - ANG - MITO)

    Fevereiro

    O simples é tão mágico
    Quanto tentam nos convencer
    Que está tudo perdido
    E o trágico é o comum

    Nos servem com glamour
    Um monte de valores invertidos

    Mano... o amor
    Não perde pra juiz nenhum
    Não teme nenhum bandido.

    .

    O jeito comportado com que se mexe,
    mexe com meus excessos de curiosidade
    direcionados aos excessos
    que provavelmente comete
    ao descomportar-se.

    Desfaz

    Uma abusada
    Eu diria

    Inspiração não
    Ela é a própria poesia,
    Em seus gestos
    Desatentos
    E intencionados
    Na sua grande maioria

    Me afronta
    E aponta a direção
    De uma porta
    Que bagunçaria
    A minha vida.

    ...

    eu passava
    te via
    mas não te encontrava

    eu imaginava
    como seria
    mas você não passava

    eu te encontrava
    e te perdia
    no gaguejar das palavras

    eu cogitava
    quantas tantas diria

    Parque

    Das copas das árvores
    vi um monte de coisas,
    vi moças
    que quando muito
    interessadas em rapazes
    tornavam-se capazes de atividades
    que causariam fobia na maldade..,

    doido.

    Doido?
    talvez.

    Uma vez que
    entre paredes,
    sozinho,
    sem ser visto
    ou escutado,
    sou o mesmo surtado,
    que quando
    na frente
    de qualquer ser
    do desconhecido
    ao mais amado.

    rux

    Quase agarra,
    canta muda,
    dança e escuta,
    acha graça,
    toca fogo e passa
    fingindo de surda.
    Ao ver as torres
    serem erguidas
    com devaneios
    de pobres tropeços,

    eu acho chato.

    Ao ver as luzes
    se apagando
    no raio de metros
    por onde passo,

    eu acho o máximo.

    inventor

    o sonhador
    inventor
    inventou de praticar
    se especializar
    na arte de fazer
    ao escrever
    o seu sorriso
    se multiplicar